terça-feira, 22 de março de 2011

A voz 2.


      E a voz disse abra os olhos, pois eu farei você enxergar. Levante, eu farei você andar. Chore, eu vou curar a tua tristeza. Ore, pois assim você chegará mais perto de mim. Não sabia o que fazer, mas fiz. Obedeci àquela voz que conversava comigo. Não estava louco ou escutando coisas.  E ela falou para que eu subisse aquele paredão cheio de buraco, liso e quase impossível de subir. E a voz afirmou, sobe.
             Comecei tentando achar um buraco, para colocar a minha mão. E não acha nenhum. E o mais engraçado que agora o buraco iria me ajudar a subir. E eu dizia para voz, que não entendia o jeito que ela acreditava em mim ou por que das coisas. Pois eu tinha errado muito na vida. E quando comecei a achar um buraco para subir, a voz me contava que não importava o tamanho dos meus pecados no passado. Que não era para eu viver me martirizando daqueles erros ou das escolhas que tinha feito.  E escutando aquela voz, e acreditando nela muito mais agora, eu consegui achar um buraco para subir.
             Quanto mais eu escutava, mais fácil ficava para subir. Ela começou a me explicar que mudar o passado séria impossível, mas que eu poderia mudar os meus hábitos para um presente melhor. E que o meu futuro dependia dessa mudança de hábito agora. Também me ensinou que eu teria que deixar os meus antigos hábitos errado para trás. Não tinha aquilo como uma escolha, mas sim como uma ordem. E o mais incrível que escutando aquela voz, nem tinha percebido que já estava no meio do caminho. Foi ai que bem no meio do caminho encontrei uma pedra falsa. Eu tinha parado de escutar e pensar na voz, e quando eu peguei na pedra para seguir enfrente, nem tinha percebido que ela não estava firme estava prestes a cair e a voz falou que na vida uma hora ou outra iria aparecer algumas pedras falsas, que eu tinha que escutar e acreditar sempre, nela. Mas ainda bem que conseguir me segurar em outra pedra. A voz explicou para que eu mudasse os meus pensamentos. E que para sair daquele buraco, o meu pensamento teria que estar com ela. Não só para sair do buraco, mas para andar na vida. Além de mudar os meus hábitos, eu teria que mudar os meus pensamentos.
         A voz continuou a me ensinar como achar os meus pecados e a mudar eles. E fui subindo cada vez mais rápido. Quanto mais eu acreditava e criava uma intimidade com aquela voz, tudo ficava mais fácil de fazer. E na hora que eu estava prestes a chegar à beirada do buraco, a voz falou que tinha uma revelação para dizer. E foi bem na hora que eu estava pegando na beirada para sentar. Virei-me e olhei um sol que nunca tinha visto antes, um campo cheio de flores e árvores lindas. Animais silvestres e um rio passando no meio do campo. Ao me sentar e me deslumbrar com aquilo tudo, a voz falou para me sentar e apreciar tudo aquilo que ela tinha feito e no final completou dizendo:
- Prazer, eu sou Deus.
Continua...

quarta-feira, 16 de março de 2011

A voz.


          Vejo os dias passando entre os meus dedos. Minha felicidade já não depende mais de um objeto. Minha angustia sumiu conforme o medo de não ter você evaporou. Quando comecei a cavar o meu próprio buraco, um caminho para minha solidão. Acabei perdendo a visão e a audição. Só Sabia cavar para baixo e sentir o cheiro fresco do meu sangue e da terra. Minhas mãos não conseguiam se recuperar da ferida que eu abria a cada cavada, e mesmo não enxergando, sabia que nunca tinha entrado em uma escuridão tão profunda em minha vida.
        Como tudo na vida tem um começo, um meio e um fim. Eu já tinha chegado ao fim dessa solidão. Meus braços já não se aguentavam mais, nem preciso falar das minhas mãos. Meu nariz já estava encostado na terra e eu só conseguia ficar deitado. Foi quando eu achava que não tinha mais para onde ir, eu escutei uma voz. Sim, eu escutei uma voz doce, que dizia para eu me levantar, e deixar com ela a minha vida. Eu teimava em falar com ela que eu não conseguiria me levantar e que os meus pecados e erros, não deixavam eu me levantar, e não sei o motivo, mas ela falou para acreditar nela, que ela me faria levantar de novo.
         O primeiro “passo” que eu dei, foi ficar de joelhos e chorar muito. Chorei muitas vezes feito criança, e pedindo perdão por tudo que tinha feito de errado. Quando cansei de chorar, a voz veio e falou senta. Sentado, sem chorar e agora escutando muito bem, ela me explicou que a vida é muito mais que se relacionar com alguém, que eu não podia deixar a minha felicidade depender de um objeto, mulher ou relacionamento. E continuando a escutar a voz, agora ela pedia que eu me levantasse. Fui achando que já estava forte o suficiente para ficar de pé, quando levantei, voltei a ficar de joelhos. E a voz dizia para eu orar, que com a oração ela me faria forte o suficiente para levantar. Aprendi a orar para aquela voz que me guiava. Ela falava que para andar ou começar uma vida temos que orar muito. E foi ai que eu orei por oras, dias. Quando a voz me falou que já podia levantar que eu já tinha força para se levantar, não pensei duas vezes em me levantar.
      Já tinha aprendido muitas coisas com a voz. Ela me ensinou a escutar, a chorar e pedir perdão, e depois me ensinou que orar ajuda a fortalecer a minha vida. Bom, achando que a voz já podia ter me ensinado tudo, ela me ensinou a subir aquele buraco que eu mesmo tinha cavado... Continua...